O que é imposto seletivo na reforma tributária

O que é imposto seletivo na reforma tributária?

A reforma tributária está mudando profundamente a forma como os impostos sobre consumo serão cobrados no Brasil.

Entre as novidades, uma das mais comentadas é a criação do Imposto Seletivo (IS), que vem sendo chamado popularmente de “imposto do pecado”.

O objetivo desse tributo é desestimular o consumo de produtos e serviços considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, além de gerar uma arrecadação extra para o governo. Mas como ele funciona? Quem vai pagar? E quando começa a valer?

Neste artigo, vamos explicar o que é o imposto seletivo, quais produtos serão afetados, como será a cobrança, quando entra em vigor e quais cuidados as empresas precisam ter para se adequar às novas regras.

O que é o imposto seletivo?

O Imposto Seletivo (IS) é um tributo criado pela Reforma Tributária que incidirá sobre determinados produtos e serviços considerados nocivos ou prejudiciais à sociedade.

A ideia não é apenas arrecadar, mas também desestimular o consumo desses itens. Por isso, sua alíquota será aplicada de forma seletiva, incidindo sobre poucos produtos, com percentuais mais altos do que no novo modelo geral de tributação (CBS e IBS).

Esse conceito já existe em outros países e segue a lógica de tributar de forma mais pesada aquilo que gera impactos negativos à saúde pública ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, cigarros e atividades poluidoras.

Qual o objetivo do imposto seletivo?

O objetivo principal do imposto seletivo é regular comportamentos e compensar financeiramente os danos sociais e ambientais causados por determinados produtos.

Podemos destacar três finalidades:

  1. Desestimular o consumo de itens nocivos, tornando-os mais caros e, consequentemente, menos acessíveis.

  2. Gerar receita extra para custear políticas públicas voltadas à saúde, meio ambiente e segurança.

  3. Criar equilíbrio no sistema tributário, compensando custos que esses produtos geram para toda a sociedade.

? Exemplo prático: Um aumento na tributação de cigarros pode reduzir o consumo, diminuindo gastos do sistema público de saúde com tratamento de doenças relacionadas ao tabagismo.

Quais produtos e serviços serão tributados?

De acordo com a Lei Complementar nº 214/2025, o imposto seletivo poderá incidir sobre:

  • Cigarros e derivados do tabaco

  • Bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, destilados, entre outros)

  • Bebidas açucaradas (refrigerantes, energéticos e similares)

  • Armas e munições (exceto para uso das forças armadas, policiais e empresas de segurança autorizadas)

  • Veículos altamente poluentes

  • Extração de recursos minerais que causem elevado impacto ambiental

O texto da lei também prevê que o Congresso Nacional poderá incluir outros produtos ou serviços considerados nocivos, desde que haja justificativa técnica e ambiental para isso.

Como será a cobrança do imposto seletivo?

O IS será federal, ou seja, sua arrecadação ficará com a União. No entanto, a lei permite que parte dessa receita seja compartilhada com estados e municípios, especialmente quando se tratar de produtos que afetam diretamente a saúde pública e o meio ambiente.

A cobrança seguirá estas características:

  1. Base de cálculo: Normalmente será o valor da operação ou do produto, acrescido de frete, seguros e outros encargos.

  2. Alíquota: Não há percentual único definido; cada produto poderá ter um percentual diferente, determinado por lei ou decreto.

  3. Cumulatividade: O imposto seletivo será cumulativo, ou seja, não permitirá o aproveitamento de créditos, diferentemente da CBS e IBS, que seguirão o modelo não cumulativo.

  4. Cobrança na origem: O tributo será recolhido na etapa inicial da cadeia (produção ou importação), impactando o preço final ao consumidor.

Quando o imposto seletivo entra em vigor?

A previsão é que o IS comece a ser cobrado já na fase inicial de implementação da reforma tributária, em 2027.

Enquanto o IBS e a CBS terão um longo período de transição até 2033, o imposto seletivo será aplicado de forma mais rápida, justamente porque não depende de substituição de tributos antigos e terá um objetivo regulatório imediato.

Isso significa que empresas que atuam nos setores afetados precisam começar a se preparar agora, revisando preços, contratos e estratégias comerciais.

Qual a relação do IS com o novo sistema de impostos sobre consumo?

O imposto seletivo será complementar ao novo sistema baseado no IVA Dual (CBS + IBS).

Isso quer dizer que um mesmo produto pode ter incidência tanto do imposto seletivo quanto do IVA Dual. Por exemplo:

  • Uma garrafa de whisky poderá pagar:

    • CBS + IBS (impostos gerais sobre consumo)

    • IS (tributo adicional por ser bebida alcoólica)

Na prática, isso pode elevar significativamente o preço final para o consumidor e reduzir a margem de lucro das empresas se não houver ajuste na precificação.

Impactos para empresas

O imposto seletivo terá efeitos diferentes conforme o setor de atuação:

  • Indústrias: Terão aumento na carga tributária e precisarão rever estratégias de produção e distribuição.

  • Comércios: Precisarão reajustar preços e lidar com possível queda nas vendas de produtos afetados.

  • Importadores: Poderão enfrentar custo extra que diminui a competitividade frente a produtos nacionais.

  • Produtores rurais e mineradoras: Em casos de atividades com alto impacto ambiental, haverá incidência do IS, aumentando o custo de operação.

Como as empresas podem se preparar

Para minimizar os impactos do imposto seletivo, as empresas podem adotar algumas medidas:

  1. Mapear produtos e serviços que serão tributados para entender o impacto na operação.

  2. Revisar a precificação para repassar parte do custo ao consumidor sem perder competitividade.

  3. Buscar alternativas menos tributadas ou investir em inovação para reduzir impactos ambientais.

  4. Ajustar sistemas de gestão fiscal para calcular e recolher o IS corretamente.

  5. Acompanhar mudanças legislativas, pois a lista de produtos e alíquotas poderá mudar ao longo do tempo.

Críticas e desafios do imposto seletivo

Apesar do objetivo regulatório, o imposto seletivo gera discussões e críticas:

  • Possível efeito regressivo: Produtos como bebidas e cigarros têm grande consumo entre as classes mais baixas, e o aumento de preços pode impactar mais esses grupos.

  • Risco de mercado paralelo: Aumento de carga tributária pode incentivar contrabando, como já ocorre com cigarros.

  • Incerteza para investimentos: Mudanças nas alíquotas podem dificultar o planejamento de empresas de médio e longo prazo.

  • Possível cumulatividade excessiva: Como o IS será cumulativo, o efeito final no preço pode ser significativo.

Conclusão

O imposto seletivo é uma das novidades mais relevantes da Reforma Tributária, com previsão de entrar em vigor já em 2027

Seu foco é tributar produtos e serviços que causem danos à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e atividades poluentes.

Embora tenha um objetivo nobre de desestimular o consumo e gerar recursos para políticas públicas, o IS exigirá adaptação rápida das empresas para lidar com aumento de custos, ajustes de preços e possíveis mudanças no comportamento do consumidor.

Empresas que começarem a se preparar agora, ajustando seus processos e buscando alternativas tributárias, terão mais chances de manter competitividade e lucratividade.

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